Meus top15 mostra Ali Babaca e os bem mais de 15 ladrões
O título da crônica, tomei emprestado do
Millor Fernandes, seguramente um dos maiores frasistas brasileiros, agora, se
essa crônica que lhes escrevo possa vir ou não ser considerada literatura,
ficará por conta do querido leitor, apesar de considerar que qualquer narrativa
que se aproxime de uma fábula, possa sim, ser considerada literatura.
Ali Babá e os 40 ladrões era literatura,
infantil, com certeza, mas de grande sucesso, não acredito existir homem ou
mulher, que nascidos entre os anos quarenta e sessenta, que desconheça a famosa
fábula, pertencente ao livro de contos " As mil e uma noites ", até pela razão
de que naqueles tempos não existiam a internet, os "playstations" e outras
modernidades de grande valia para a aceleração da sinapse neuronal, como dizem
os especialistas atuais, mas por outro lado, eficazes agentes de alienação e de
afastamento do hábito da leitura, tormento das professoras das séries iniciais e
desalento dos professores do ensino médio, principalmente quando se colocam a
avaliar as interpretações de textos oriundos da leitura de clássicos de nossa
literatura.
Mas retomando ao Ali Babá, como a maioria
das pessoas se lembra, ele tinha uma caverna que guardava os seus tesouros,
roubados pelos seus 40 ladrões, e com o detalhe interessante de que apenas ele
sabia como abrir a tal caverna, com a frase mística, "Abre-te Sésamo".
Já na fábula atual, pois hoje em dia
estão na moda os "remakes" de antigos folhetins, o nosso Ali Babaca não sabia
aonde ficava a tal caverna, muito menos que lá se ocultavam fortunas, produto de
ilícitos e desvios despudorados de dinheiro público, ele conhece os 38 ladrões,
mas alega não ter conhecimento que trabalhavam para ele, e a semelhança do Ali
Babá original, cria a sua frase mística, "Eu não sabia", não para abrir a
caverna, mas, para fechar as portas que o protegem de qualquer
acusação.
Neste ponto retomamos as dificuldades de
leitura dos nossos desestimulados alunos, que hoje andam crescidos e são parte
integrante da sociedade, que paga impostos e que elege por intermédio de seu
voto, mas, como eles não cultivaram o hábito da leitura, não sabem ler ou pelo
menos tem dificuldades de interpretar os textos e os seus conteúdos mais
intrincados, se tornam vulneráveis as manipulações políticas, portanto presa
fácil destes manipuladores.
Ali Babaca também não é muito chegado a
leitura, os seus 38 ladrões também não, mas sem saber estão participando da
criação de uma nova fábula, que daqui a muitos e muitos anos será famosa, e os
leitores de então rirão muito, com a esperteza de Ali Babaca e com a burrice do
povo que ele saqueava.
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